quinta-feira, 23 de setembro de 2010

Paixão X Amor: A busca por totalidade

 

O amor é uma força poderosa, capaz de atravessar as barreiras que separam o homem de seus semelhantes, os unindo e levando à superação do sentimento de isolamento e de separação, e ao mesmo tempo permitindo que o indivíduo mantenha sua integridade, podendo ser ele mesmo em todas as situações. Através do amor dois seres tornam-se um, embora permaneçam dois. Mas, será que é desse amor que o homem procura viver realmente?
O “Amor romântico”ou a paixão, tem grande força em nossa cultura, as vezes até maior que a religião. Em busca desse sentimento homens e mulheres tentam alcançar a transcendência, a plenitude, o êxtase, o sentido para a própria vida. Esse sentimento é vivenciado exclusivamente pelo homem ocidental, que se vê vinculado a crenças e suposições sobre o “amor romântico”, a paixão, a ponto de não ser capaz de encontrar outra forma de amor, devido a isso perde a oportunidade de viver relacionamentos verdadeiros e prefere mergulhar em sua fantasia e idealização amorosa.
Em culturas orientais o amor é vivenciado de uma maneira bem diferente. Esse povo se baseia em uma relação de cordialidade e devoção em seus relacionamentos, a qual o homem ocidental é quase incapaz de imaginar. Isso acontece porque os orientais não impõem aos seus relacionamentos ideais e exigências impossíveis, além disso, não criam expectativas absurdas em relação aos seus companheiros.
Quando falamos em “amor romântico” estamos nos referindo a estar apaixonado, trata-se, portanto de um conjunto de ideais, crenças, atitudes e expectativas que, na maioria das vezes são contraditórias, são sentimentos inconscientes que dominam o homem gerando comportamentos e atitudes nada promissores.
A paixão é um fenômeno psicológico que remete o homem a idéia de ter encontrado o verdadeiro sentido da vida em outro indivíduo, é uma sensação de completude, de ter encontrado o amor verdadeiro. Nesse momento outra pessoa recebe a responsabilidade de alimentar sempre essa sensação de êxtase completo. 
Para o homem ocidental essa é a única forma de amor possível, onde o que é diferente se torna frio e sem emoção. As pessoas não se dão conta que esta forma de amor não tem sido o melhor caminho, não dá certo na maioria das vezes, remete a falta de compromisso e a dificuldade em construir relacionamentos sólidos e afetuosos, levando ao vazio, solidão, frustração e alienação.
Sendo tendência do homem atribuir aos outros a responsabilidade por sua própria felicidade, logo se faz do outro culpado por ter falhado, deixando então de enxergar a necessidade de uma mudança em suas próprias atitudes inconscientes, e voltar-se para si.
Esse é o problema psicológico básico de nossa cultura, a alienação diante do “amor romântico”, e para resolver esse problema é necessário a conscientização em relação a esse sentimento.
A tendência do homem ocidental é ver o amor verdadeiro como adoração a outro ser humano que, represente uma imagem de perfeição. Ai está o grande erro, porque a imagem simbólica de perfeição só existe como parte de nós mesmos, em nosso inconsciente, não pode ser depositada em alguém. Quando falamos que essa imagem perfeita só existe no próprio ser, estamos nos referindo à busca de completude do ser humano. Suas qualidades e características não são completas, cada parte de sua psique deve ser provida de um “par” masculino e feminino, só assim é possível obter o equilíbrio e totalidade.
As qualidades femininas estão relacionadas ao amor e aos relacionamentos, as masculinas tratam do poder, controle e defesa por posições. Um indivíduo completo deve desenvolver ambas as características, ou seja, ter a capacidade de lidar com o poder e ao mesmo tempo de amar, integrando cada valor em seu momento apropriado. Por isso é um erro buscar no outro o sentido para a vida, quando tudo que o homem precisa esta nele, só em busca de ser descoberto.
Um homem verdadeiramente completo e viril é aquele que sabe demonstrar seus sentimentos de forma verdadeira, com a mesma bravura que enfrenta seu dia de trabalho. Sua força masculina encontra o equilíbrio em sua capacidade feminina de se relacionar como próximo.
A totalidade de um indivíduo está na junção das partes conflitantes dentro dele. Na verdade, essa junção é o grande desejo do homem, e a meta para sua evolução psicológica, é o objeto de seus desejos mais profundos, porém, é distorcido por sua visão irreal. Quando o homem recusa a integração, e ao invés de levar em consideração seu outro lado tenta vivê-lo de outras maneiras, passa a desenvolver neuroses e atitudes compulsivas inconscientes, que se reflete em atos como, comer ou beber demais e diversos outros males que vem agravando a saúde da sociedade. Além disso, existe ai a explicação para tantos fracassos em relacionamentos. As pessoas se casam com um ideal e se recusam a aprender a amar verdadeiramente a pessoa humana que está ao seu lado. Quando a paixão acaba, quando o ideal deixa de existir e o ser humano aparece com todas suas qualidades e defeitos, fica apenas o desejo de continuar sentindo toda aquela ilusória completude, surge então a necessidade de buscar isso em outra mulher ou outro homem e investir novamente no outro o que, na verdade, deve ser procurado dentro de si.
A verdadeira base para viver um relacionamento está no amor humano, diferente do “amor romântico”, que é um ideal interior, um caminho para a alcançar a própria alma. O homem usa seu instinto de totalidade para projetar em seus amores. Usa o que é divino para colocar em seu meio carnal, ou seja, entre ele e outro ser humano. Perde assim a oportunidade de entrar em contato verdadeiro com sua própria alma, com sua religiosidade.
A busca da plenitude através do amor romântico é na verdade a tentativa de resgatar e redescobrir a divindade que está dentro de cada ser. Quando a pessoa se encontra apaixonada vê o mundo de uma forma diferente, significativa, quando acaba a paixão o mundo torna-se desolado e vazio. Por isso as pessoas passam a vida exigindo coisas impossíveis em suas relações, acreditando que o outro tem obrigação de manter a felicidade, de dar significado para a vida, quando na verdade isso só pode ser obtido pela própria pessoa, quando conquista a totalidade em seu ser, quando deixa fluir a junção de seus lados opostos, feminino e masculino.  
O amor verdadeiro, amor humano, significa relacionar-se com alguém de forma completa, com verdade, indentificando-se com outro ser, reconhecendo seu valor e elementos sagrados, tal como é, na totalidade, com seu lado sombrio, imperfeições e tudo que o torna um ser mortal comum. Já a paixão é algo direcionado a si próprio, é um ideal: sonhos, fantasias, esperanças e expectativas, a paixão é direcionada para o ser interior e projetada erroneamente na pessoa por quem se apaixona. Por isso não é verdadeira e acaba tão rápido. Quando a pessoa consegue viver sua totalidade, apaixonar-se por sua própria alma, admitir seus dois lados e vivenciá-los, poderá viver e reconhecer o amor humano. Terá então paz para exercer sua religiosidade, dando para sua alma as projeções que daria para um ser de sexo oposto.
Se o amor romântico ou paixão for vivido de forma correta, direcionado para a alma, para o interior de cada ser, encontrará o caminho para uma dupla revelação, ficará face-a-face com a vida simbólica, necessária para todo ser humano e abrirá caminhos para o significado real do amor humano.
Janaina N. Soares
Reflexões sobre o livro WE – A chave da Psicologia do amor Romântico. Autor: Robert A. Johnson

quarta-feira, 1 de setembro de 2010

Filme "Uma prova de amor"



  É um filme para pensar sob diversos pontos de vista. Analisar a importância que existe em ouvir e respeitar as opiniões, sentimentos, pensamentos das pessoas que amamos, tentando deixar de lado nosso egoísmo, medo de sofrer, porque na verdade, é o "egoísmo" que nos leva a tomar decisões desesperadas em relação a vida dos nossos entes queridos, dando a desculpa de estar fazendo tudo por amor.
Amar na verdade é fazer pelo outro o que ele realmente precisa para ficar bem e ser feliz, mesmo que para isso seja necessário sofrer, chorar. As vezes, em nome do amor, agimos como ditadores sem coração, que atropelam e ferem as pessoas para conseguir o que almeja, em nome do amor magoamos, aprisionamos, machucamos as pessoas. Como podemos chamar de amor um ato que faz sofrer? Amar verdadeiramente é saber ouvir, respeitar, perdoar sem cobranças egoístas, amar é doação, partilha.
Claro que, levando em consideração o fato de sermos humanos, é explicável que se aja de determinada maneira em nome do amor, porém, por mais difícil que pareça, é preciso analisar nossas atitudes com mais cuidado, e pensar se nossos atos são de amor verdadeiro ou de puro egoísmo, próprio da natureza humana.

Comentário: Janaina N. Soares

Veja o Trailer clicando no link: http://www.youtube.com/watch?v=VGNmOAaRyKQ