quinta-feira, 22 de junho de 2017

A Solidão e as relações sociais

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Quando o ser humano se sente amedrontado e vazio surge a sensação de isolamento, levando-o a procurar proximidade com outras pessoas. Isso ocorre porque sua primeira experiência está ligada ao relacionamento com seus semelhantes. O homem depende do outro para sobreviver durante a infância, além disso, é através desses primeiros contatos que adquire recursos para se orientar na vida. Por esse motivo, o fato de sentir-se só, muitas vezes, torna-se  assustador. (MAY, 1982).
A aceitação social é muito valorizada pela sociedade. Estar imerso no meio social é indispensável para se obter êxito, é garantia de que a pessoa é estimada, o que acarretará em seu sucesso nos diversos campos da vida. Aí está o grande temor diante da solidão: ser vista pela sociedade como alguém triste. Quando alguém manifesta o desejo de ficar só, logo é associado a uma pessoa adoecida ou que fracassou de alguma maneira.  
“O medo de estar só deriva, em grande parte, da ansiedade de perder a consciência de si mesmo...”. (MAY, 1982, P.28).
A pessoa tem medo, na verdade, de sentir-se perdido, sem seus próprios limites, sem uma orientação, coisas que  conquista através da interação com os outros.  O ser humano tem a maioria de suas referências através do que o outro diz a seu respeito, porém, alguns adquirem uma grande dependência da opinião alheia e, se ela faltar, fica vazio, como se deixasse nas mãos alheias sua existência como pessoa.
O homem é definido por sua capacidade de formar ou manter ligações, essa acaba por ser uma regra em relação a normalidade e amadurecimento, porém, ter relações de intimidade virou prioridade no curso do desenvolvimento humano, e tornou-se parâmetro para viver em plenitude.
Por outro lado, um dos modos de ser-com-o-outro é a solidão, afinal, só pode estar sozinho quem reconhece seus semelhantes, quem pode distinguir entre estar próximo ou distante de alguém. Podemos estar próximos fisicamente de alguém sentindo ou não uma real aproximação. Do mesmo modo, podemos estar sozinhos e ter ou não a experiência de isolamento. Porém, o homem tem a tendência de sentir-se acompanhado apenas quando tem a presença física de alguém e isolado quando ocorre o contrário.
Desta forma, as relações humanas hoje são constituídas muitas vezes como contratos entre os indivíduos, onde buscar uma companhia não significa querer o bem estar de ter alguém perto, e sim a necessidade de tê-lo. Leva-se em consideração, na maioria das vezes, a utilidade que há em ter alguém, ou seja, é preciso que se tenha algum ganho entre as pessoas envolvidas na relação. Esse modo de se relacionar é atribuído a todos os tipos de convívio por alguns indivíduos, seja no casamento, amizades ou relações familiares.
A capacidade de estar só tem sido atribuída à pessoas que precisam se concentrar em algum tipo de trabalho criativo ou contemplativo, tais como filósofos e escritores famosos, por esse motivo optam por se abdicar do mundo, essa visão histórica torna a solidão uma problemática para a sociedade por associá-la à renuncia ao mundo. Esse pensamento leva as pessoas a uma busca infinita contra a solidão.  (GONÇALVES, 2009).
Quando se está cercado de pessoas a tendência é esquecer a solidão, tendo como preço, renunciar a existência de uma personalidade independente. Desta forma, o homem perde sua única oportunidade de vencer definitivamente a solidão, deixa de desenvolver recursos internos, que só pode adquirir em um momento particular e intimo, que poderiam ser utilizados para manter um relacionamento positivo com outros seres humanos. (MAY, 1982).

Janaina Soares


Falando sobre solidão




A solidão é uma questão comum nos consultórios de psicoterapia e são trazidas de formas muito semelhantes, surgem assuntos como: ciúmes, tentativa de exercer controle e prender o outro para si, medo de traição ou abandono, dificuldades de lidar com as formas atuais de relacionamentos sem comprometimento, de viver as relações amorosas, entre outras queixas. Todos esses pontos têm como pano de fundo a solidão e a tentativa de eliminá-la através do outro.
Estar só é estar irremediavelmente apartado do outro, sendo essa condição tão inevitável quanto a morte, a liberdade ou a ausência de significado da vida. (SÁ ET AL, 2006).
Ferraz (2006) compartilha afirmando que “... solidão é o estado de quem está só...”, refere-se a ausência de relações sociais; isolamento. A solidão está presente nas mais diversas maneiras de expressão, sendo muito mais do que um sentimento,  é algo que está inscrito na história do homem.
Nos tempos atuais a solidão é vivenciada de maneira bem complexa, uma solidão que esta além do poder, baseada na idéia de que existe diferença entre estar só ou sentir-se só. Essa sensação se expressa quando alguém se sente só mesmo rodeado de gente.
É possível ver a solidão também como algo positivo, força necessária que possibilita a criação artística; ou uma forma de autoconhecimento através da intimidade consigo, ou até como a razão de sofrimento pelo seu caráter excludente, enfim, é indispensável vivenciá-la, principalmente para que haja reconhecimento do outro, para que possamos saber diferenciar e valorizar o estar consigo e estar com alguém de forma integra e sincera.
É preciso perceber que estar só é tão inevitável quanto necessário; se soubermos estar a sós conosco aprenderemos também que a responsabilidade por estar bem ou mal só pertence a si, isso fará com que nossas relações sejam mais saudáveis e isentas da responsabilidade de nos fazer feliz, afinal, nenhuma relação garante a plena felicidade.


 Psicóloga e Arteterapeuta  Janaina N. soares

sexta-feira, 9 de junho de 2017

Meu site. Navegue para conhecer meu trabalho.

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Arte como terapia


A arte pode ser entendida como uma busca do ser humano para representar suas experiências através movimentos do corpo ou da alma através da dança, poesias, composições musicais, peças teatrais ou na expressão manual com tintas, argila, sucatas e etc.  Lidar com a arte traz como resultado a construção de conhecimento e desenvolvimento pessoal.
O processo criativo dá ao individuo a oportunidade de realizar algo novo e único. Os recursos utilizados na arteterapia trazem simbolicamente, uma nova forma aos problemas, conflitos e acontecimentos diversos, que são então resignificados através da obra de arte criada. Quando uma obra toma forma, adquire o poder de  proporcionar ao individuo um confronto com realidades subjetivas que não estão conscientes, mas que aparecem como sintomas ou comportamentos na vida cotidiana.
O ato de criar ajuda a desbloquear emoções e sentimentos que antes estavam escondidos, proporciona liberdade afetiva e emocional, e também dá segurança para lidar melhor com as situações da vida.
No trabalho de arteterapia não há criticas a respeito de padrões culturais da obra criada, por isso ajuda a promover o desenvolvimento psicológico, afinal, tudo que é criado se torna aceito e é visto como belo aos olhos do criador por ser a expressão de sua alma. A arte usada como terapia tem como intuito motivar e orientar, além de estruturar o desenvolvimento do pensamento, ajuda no processo de aprendizagem e desenvolvimento emocional, que ocorre em todas as fases da vida.
As técnicas expressivas levam o individuo a comparar influencias externas, a forma criada, com influencias internas, o sujeito criador. Quando há essa relação entre criador e criatura, a pessoa se torna capaz de adquirir seus próprios recursos de enfrentamento de seu estado de confusão, que muitas vezes são fruto de ansiedades, incertezas e contradições. Desta forma vai aos poucos vivendo um processo interno de auto-organização.
Enfim, a Arte como terapia ajuda a proporcionar desenvolvimento racional e irracional ao mesmo tempo, possibilitando então o equilíbrio da razão, da emoção e o desenvolvimento de aspectos afetivos e cognitivos. (Urrutigaray, 2011).

 Psicóloga e Arteterapeuta Janaina Soares