Quando o ser humano se
sente amedrontado e vazio surge a sensação de isolamento, levando-o a procurar
proximidade com outras pessoas. Isso ocorre porque sua primeira experiência
está ligada ao relacionamento com seus semelhantes. O homem depende do outro
para sobreviver durante a infância, além disso, é através desses primeiros
contatos que adquire recursos para se orientar na vida. Por esse motivo, o fato
de sentir-se só, muitas vezes, torna-se
assustador. (MAY, 1982).
A aceitação social é
muito valorizada pela sociedade. Estar imerso no meio social é indispensável
para se obter êxito, é garantia de que a pessoa é estimada, o que acarretará em
seu sucesso nos diversos campos da vida. Aí está o grande temor diante da solidão:
ser vista pela sociedade como alguém triste. Quando alguém manifesta o desejo
de ficar só, logo é associado a uma pessoa adoecida ou que fracassou de alguma
maneira.
“O medo de estar só deriva, em
grande parte, da ansiedade de perder a consciência de si mesmo...”. (MAY,
1982, P.28).
A pessoa tem medo, na
verdade, de sentir-se perdido, sem seus próprios limites, sem uma orientação,
coisas que conquista através da
interação com os outros. O ser humano
tem a maioria de suas referências através do que o outro diz a seu respeito,
porém, alguns adquirem uma grande dependência da opinião alheia e, se ela
faltar, fica vazio, como se deixasse nas mãos alheias sua existência como
pessoa.
O homem é definido por
sua capacidade de formar ou manter ligações, essa acaba por ser uma regra em
relação a normalidade e amadurecimento, porém, ter relações de intimidade virou
prioridade no curso do desenvolvimento humano, e tornou-se parâmetro para viver
em plenitude.
Por outro lado, um dos
modos de ser-com-o-outro é a solidão, afinal, só pode estar sozinho quem
reconhece seus semelhantes, quem pode distinguir entre estar próximo ou
distante de alguém. Podemos estar próximos fisicamente de alguém sentindo ou
não uma real aproximação. Do mesmo modo, podemos estar sozinhos e ter ou não a
experiência de isolamento. Porém, o homem tem a tendência de sentir-se
acompanhado apenas quando tem a presença física de alguém e isolado quando
ocorre o contrário.
Desta forma, as relações
humanas hoje são constituídas muitas vezes como contratos entre os indivíduos,
onde buscar uma companhia não significa querer o bem estar de ter alguém perto,
e sim a necessidade de tê-lo. Leva-se em consideração, na maioria das vezes, a
utilidade que há em ter alguém, ou seja, é preciso que se tenha algum ganho
entre as pessoas envolvidas na relação. Esse modo de se relacionar é atribuído
a todos os tipos de convívio por alguns indivíduos, seja no casamento, amizades
ou relações familiares.
A capacidade de estar só
tem sido atribuída à pessoas que precisam se concentrar em algum tipo de
trabalho criativo ou contemplativo, tais como filósofos e escritores famosos,
por esse motivo optam por se abdicar do mundo, essa visão histórica torna a
solidão uma problemática para a sociedade por associá-la à renuncia ao mundo.
Esse pensamento leva as pessoas a uma busca infinita contra a solidão. (GONÇALVES, 2009).
Quando se está cercado de
pessoas a tendência é esquecer a solidão, tendo como preço, renunciar a
existência de uma personalidade independente. Desta forma, o homem perde sua
única oportunidade de vencer definitivamente a solidão, deixa de desenvolver
recursos internos, que só pode adquirir em um momento particular e intimo, que
poderiam ser utilizados para manter um relacionamento positivo com outros seres
humanos. (MAY, 1982).
Janaina Soares
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