sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

PSICOTERAPIA CENTRADA NA PESSOA

 O trabalho psicoterapêutico, segundo esta abordagem, tem como objetivo ajudar a desenvolver capacidades já existentes no indivíduo potencialmente competente. O pressuposto central desta abordagem é de que cada indivíduo possui recursos próprios para obter auto-compreensão e mudança de auto-conceito, isso pode ser alcançado através de um clima definido de atitudes psicológicas facilitadoras, ou seja, a relação paciente e terapeuta.
Através de sua ampla pesquisa, Rogers constatou que cada pessoa carrega em seu interior forças construtivas que, geralmente eram subestimadas e não reconhecidas por psiquiatras e psicanalistas de sua época. De acordo com Rogers, quando há uma atmosfera de aceitação e liberdade na relação terapêutica, livre de orientações, críticas ou aprovações, o cliente consegue expressar aspectos ocultos de si, incluindo os aspectos mais negativos. Quando existe essa capacidade de reconhecer o que há de negativo em si fica mais fácil perceber seus impulsos e características positivas, saudáveis e maduras. O processo terapêutico leva o indivíduo a reorganizar suas atitudes e direcionar seus comportamentos em uma direção construtiva, o que promove sua maturidade.
Rogers, em seus trabalhos terapêuticos, procurava manter um clima caloroso e permissivo, onde a pessoa era capaz de ser livre para expressar todas as atitudes e sentimentos, mesmo o que fosse mais anticonvencional, absurdo ou contraditório. Ele utilizava somente procedimentos que pudessem transmitir sua compreensão e aceitação profunda das atitudes manifestas pelo cliente. 
Na terapia centrada no cliente, mesmo sendo livre para escolher qualquer direção, a pessoa tende a preferir caminhos positivos e construtivos.  (Freire, 2009).
Janaina N. Soares

terça-feira, 30 de novembro de 2010

ESPERANÇA?







No dicionário encontramos diversos significados para a palavra esperança, por exemplo, “Ato de esperar o que se deseja”. Só podemos esperar quando acreditamos que é possível ter, e isso envolve esforço, luta, trabalho e batalha. Não se pode desejar um bolo se não juntar os ingredientes e bater a massa, tão pouco se não aquecer o forno e colocar a massa para assar, só a partir dessa ação é possível ter esperança de que o bolo ficará pronto. Ele só vai existir se houver alguém que o transforme em bolo.
Outro significado para a palavra esperança pode ser: “fé em conseguir o que se deseja”. Só podemos ter fé quando acreditamos em algo, e só podemos esperar quando se tem fé. Muita gente acha que, somente através da Fé é possível conseguir tudo o que deseja, porém, também recorrendo ao dicionário, fé significa “firmeza na execução duma promessa ou compromisso, crença, confiança”, fé significa ação. Ter fé é saber que pode esperar algo, ter certeza sobre a ocorrência de algum fato, porém, só é possível ter essa certeza quando antes, alguma ação foi realizada para que se cumpra o ocorrido. Uma pessoa só pode confiar em algo pelo qual se esforçou ou se dedicou. Aí esta o ponto, ter esperança não significa ficar de braços cruzados achando que as coisas irão cair do céu, significa preparar-se para algo, arrumar o terreno do coração para receber o que espera, lutar pela causa, trabalhar sem desistir.
Uma pessoa realmente esperançosa é aquela que sempre espera algo porque sabe que virá. É alguém que supõe ou presume que algo vai acontecer porque lutou por isso, fez o que precisava para ser merecedor, portanto pode ficar na expectativa, sabe que colherá frutos de sua plantação da vida, optou por lutar contra a preguiça, a falta de vontade ou a falta de crença em si.
Para ser feliz é preciso praticar esperança e não tê-la apenas. Esperança é ação dinâmica, a força que pode fazer um ser humano melhor. Praticar esperança é praticar vida. O homem precisa preparar seu coração para receber as coisas que almeja na vida, arrumar sua casa interior, não porque acredita simplesmente, mas porque praticou sua "esperança de vida" e fez tudo o que podia para receber a felicidade desejada. 

terça-feira, 23 de novembro de 2010



TERAPIA CENTRADA NO CLIENTE

Campo fenomênico
Rogers continua sendo um fenomenologista apesar das mudanças em seus instrumentos de pesquisa. A maneira particular em que cada homem percebe seu mundo pode ser chamada de “campo fenomênico”. Cada pessoa reage ao ambiente de acordo com a maneira que vê seu campo fenomênico, e essa maneira de agir pode ser compatível ou não com a reação do experimentador. Esse campo abrange tanto percepções conscientes como inconscientes, simbólicas ou não, mas o determinante do comportamento são suas percepções simbólicas conscientes, ou as possíveis de simbolização.
Para Rogers existem três tipos de conhecimento: o subjetivo, objetivo e interpessoal. No primeiro, a pessoa conhece algo seguindo suas referências internas. No conhecimento objetivo, a pessoa parte de referências externas,ou seja, observações feitas por outras pessoas. No conhecimento interpessoal a pessoa abre mão de si para conhecer o campo fenomênico do outro, esse é chamado de conhecimento fenomenológico, e representa uma legitima e necessária orientação da ciência psicológica.
Segundo Rogers, a pesquisa em psicologia deve compreender os fenômenos da experiência subjetiva, sendo assim, o material colhido na clínica é a melhor fonte de dados fenomenológicos, e deve ser utilizado para compreender os comportamentos humanos. A psicoterapia é uma experiência subjetiva de fruição e a pesquisa é um esforço objetivo, instrumento de verificação.
Rogers lutou pelo desenvolvimento da psicologia como ciência e para a preservação das pessoas enquanto pessoas, e não como objeto de ciência. Os objetivos da Terapia Centrada no Cliente são:
- Fazer com que a pessoa torne-se mais auto-diretivo;
- Tornar-se menos rígido;
- tornar-se menos sujeito às influências e controles externos;
- Ser capaz de fazer escolhas próprias e de valor;
(Pervin, 1978)
Janaina N. Soares

TERAPIA CENTRADA NO CLIENTE


O olhar de Rogers
A teoria de Rogers procura expor tudo o que é subjetivo e consciente. O que podemos chamar de mundo fenomenológico, significa a visão que cada pessoa tem de sua vivência, ou melhor, como cada pessoa atua no mundo e suas experiências em termos conscientes e simbólicos. O mundo fenomenológico de cada um apresenta dados necessários para compreender e prever seus comportamentos. Rogers utiliza a técnica de compreensão subjetiva, a qual mostra a maneira como a pessoa sente, vivencia e organiza seu mundo e suas experiências. Sua técnica foi desenvolvida a partir do estudo empírico dos fenômenos emocionais.
Rogers vê no homem a essência positiva para o crescimento e para o processo de mudança, esse processo é direcionado para a auto-realização, maturidade e socialização. Para ele, essa é a natureza básica do homem, e quando pode vivenciá-la livremente consegue tornar-se positivo e construtivo, floresce para o bem. As atitudes negativas do homem são nada mais que uma maneira de se defender de seus terrores íntimos, apesar disso, existe uma tendência forte a direcionar-se ao positivo, quando tem a oportunidade de se conhecer e de ser autêntico. (Pervin, 1978)
Janaina N. Soares

domingo, 24 de outubro de 2010

Solidão (Retirado de TCC/2010)


É bonito ver como uma simples palavra pode carregar tantos significados e sentimentos. A palavra solidão pode representar muitas coisas, tem o poder de causar uma imensa tristeza e também pode ser a saída para um vazio que o homem não consegue preencher, tudo isso depende apenas de como é dita, ouvida e vivida.
É muito raro encontrar alguém que consiga ver, em um momento de solidão, o quanto está acompanhado de pensamentos, sentimentos, desejos aos quais, normalmente, não se presta atenção quando há alguém por perto. Nos dias atuais as pessoas evitam entrar em contato com tudo isso, talvez porque alguns sentimentos causem dor, ou seus desejos são tão proibidos que não podem acontecer, nem no silêncio de sua consciência. As pessoas buscam companhia, na tentativa de livrar-se de si mesmas e de se conhecerem a fundo, parecem ter medo do que irão encontrar pela frente.
Que ingenuidade do homem achar que, é melhor tampar a visão, se ocupando sempre de coisas a fazer, de pessoas à cuidar do que olhar para sua própria vida, para seus mais íntimos e obscuros sentimentos. Mais ingênuos parecem quando tentam de todas as maneiras evitar a solidão, achando que está é a receita para uma vida melhor, que ter alguém ao lado trará a felicidade desejada e a partir daí conseguirá preencher o vazio que encontra na alma. É preciso descobrir que, a maior companhia esta dentro de si. Se o homem conseguir um dia encontrar uma nova maneira de viver a solidão poderá, então, preencher o seu vazio.
É triste pensar que, se hoje as pessoas vêm o mundo desta forma, achando que devem ter coisas para ser felizes, que precisam pertencer às pessoas, aos seus trabalhos e obter pessoas e objetos, é porque aos poucos o mundo foi sendo construído desta maneira. Com o progresso, a globalização, o capitalismo e a tecnologia o mundo vai ficando cada dia mais difícil para o ser humano, que, com toda a sua capacidade não conseguiu ainda resolver um problema que pode ser a fonte de destruição humana, não tem meios para preencher seu vazio, para curar sua ansiedade e não consegue ver o lado bom, verdadeiro e inevitável de sua solidão.
Um mundo melhor pode ser construído, mas isso ocorrerá apenas quando o homem entender que estar só não significa sua derrota, seu fracasso. As pessoas precisam aprender que, de qualquer forma estão sozinhas, e isso é necessário para seu desenvolvimento. O outro não deixa de existir, não é necessário deixar de partilhar momentos, dividir os pesos da vida, suas alegrias e até sua dor, mas não é no outro que se encontra a liberdade nem a felicidade, ninguém pode dar isso à ninguém, é preciso achar a liberdade dentro de si, buscar respostas que só em nossa mais intima solidão poderão ser encontradas.
Como vimos, existem várias formas de ver a solidão. Pode sim ser motivo de tristeza, quando se está precisando de um ombro amigo, de uma palavra ou consolo e não há ninguém para dividir tudo isso, não há onde se apoiar. Mas, também pode ser uma necessidade. Quantas vezes, na correria do dia-a-dia não se deseja do fundo do coração ficar apenas alguns minutos sozinho, em silêncio, ouvindo o próprio pensamento. O grande problema do homem atual é que, se doa tanto para coisas, trabalho e pessoas que esquece de dar um pouco para ele mesmo. As pessoas estão tão acostumadas com sua rotina que não acham mais tempo para si, estão sempre dando a desculpa de que não conseguem parar, e acabam criando uma prisão de onde não sabem sair, perdem sua liberdade achando que essa é a melhor forma de viver.
Algumas pessoas passam à vida se preocupando em ter alguém, casar, ter filhos e quando não conseguem ficam extremamente frustradas, deprimidas, vendo-se como um fracassado, infeliz. Outros dão valor ao material, acham que para serem felizes precisam comprar coisas, investir e esquecem de preencher sua alma com sentimento, amor por si, respeito por seu corpo e mente. 
É hora de parar para pensar no que está sendo feito do ser humano. Vivemos um caos que não é perceptível, é sentido de forma cruel e vai destruindo dia após dia. As pessoas precisam tentar pensar em uma saída, dar valor ao que é pequeno e indispensável. O primeiro passa a ser dado é o auto-conhecimento. O homem precisa saber quem é, o que precisa, para se colocar no mundo de forma correta e saudável. Quando conseguir se conhecer precisa aprender a amar, no verdadeiro sentido da palavra. Praticar o amor no mundo, começando pelo amor próprio. Quando aprender que amar não é possuir ou pertencer, talvez consiga um grande progresso, vai aprender que tudo está ao seu alcance e não precisa se preocupar com o externo e sim dar atenção ao que está dentro da alma. Mas, para obter todas estas conquistas é preciso ter consciência do que está acontecendo e do que está fazendo com o mundo, com a natureza e consigo. Se o homem conseguir tudo isso terá encontrado a cura para sua ansiedade e o preenchimento de um vazio que cresce a cada dia. A solidão, enfim, poderá ser vencida. 

Texto de Janaina Nascimento Soares

A IMPORTÂNCIA DA PSICOTERAPIA NO MUNDO ATUAL


A psicoterapia tem como principal objetivo facilitar o auto conhecimento e autonomia psicológica de forma que, a pessoa tenha condições de assumir com liberdade sua existência. (TEIXEIRA, 2006). 
Através da psicoterapia é possível buscar reconhecimento, aceitação e encontrar soluções para diversos problemas existenciais. Esta busca de soluções esta diretamente relacionada a uma reorganização do mundo interior, problemas que, muitas vezes, decorrem da época em que vivemos, do contexto sócio-economico-cultural.  (PORCHAT, 1989). Problemas diretamente ligados ao vazio humano, ansiedade e solidão do homem atual.
Para a autora, a psicoterapia ocupa um lugar apropriado e aceito pela sociedade, trazendo a ajuda necessária. Nesse processo pode-se proporcionar uma relação baseada em conhecimentos específicos, tendo como ponto principal do trabalho, desenvolvido entre terapeuta e paciente, o vínculo terapêutico, o qual irá proporcionar ao paciente uma reorganização de seu mundo interior, e como conseqüência, a mudança em seu modo de ser e agir no mundo. Através da relação humana estabelecida durante o processo terapêutico existe um forte campo emocional, onde sentimentos de amor, raiva, desespero, confiança, gratidão, frustração passam a ter diversas modificações no mundo interior do paciente.
Todas as emoções que surgem em relação ao terapeuta ocorrem porque com ele é possível se abrir, porque é alguém que esta apto a escutar e mostra-se interessado nos problemas apresentados, isso passa confiança para o paciente. O terapeuta é responsável, de alguma forma, pelas mudanças que irão aparecer aos poucos, mas, também é aquele que não da respostas prontas aos problemas, aponta os limites e, mesmo provocando frustração, auxilia para que a pessoa consiga encontrar sozinha um caminho.
Na situação psicoterapica, o terapeuta tem o papel de dar o que se esta cobrando dele, faz isso quando aponta o modo de ser e agir da pessoa, dentro das relações estabelecidas.  É durante esse trabalho que, os problemas podem ser reelaborados através da relação estabelecida.
De acordo com May (1977), no processo terapêutico surge um relacionamento total entre duas pessoas, o qual envolve de certa forma alívio para a solidão física, a qual todos os seres humanos estão sujeitos. Há um conforto por ter alguém interessado em escutar os problemas e compreendê-los, ter uma pessoa que se coloca em prol do outro e de seu bem estar.
Para o autor, o encontro total com o paciente é para o terapeuta o veículo mais útil para a compreensão do mesmo e também o mais eficaz instrumento para ajudá-lo a ir de encontro com suas possibilidades de mudança, além disso, também para o terapeuta traz diversos benefícios, passa a ser uma troca, onde também o terapeuta estará obtendo mudanças em sua vida.
O objetivo mais importante da psicoterapia é que, o movimento para que haja uma mudança e realização devem vir de dentro, do próprio ser do paciente e de sua necessidade em melhorar e realizar esse ser.
A psicoterapia pode ser mais uma saída para os problemas do homem atual, isso porque através dela é possível desenvolver autoconsciência, obter um auto-conhecimento e tornar o indivíduo capaz de amar a si e aos outros de forma madura e segura. 
Texto retirado de TCC/2010.
Janaina Nascimento Soares

segunda-feira, 18 de outubro de 2010

A vida de Carl Rogers - A Psicologia Centrada na Pessoa

A vida de Carl Rogers
Carl Rogers nasceu em 8 de janeiro de 1902, Oak Park, Illionois. Foi criado sob restrita e inflexível atmosfera religiosa e ética, onde seus pais tinham constantes preocupações em relação ao bem-estar dos filhos e lhes ensinar a ter respeito e responsabilidades com o trabalho. Viveu privado de hábitos envolvendo bebidas alcoólicas, bailes, jogos de cartas ou teatro, e tinha uma vida social mínima e se dedicava muito ao trabalho. (Pervin, 1978, p. 243).
Tendo Rogers se submetido a uma vida tão regrada leva para sua vida profissional duas tendências que se refletem claramente em seu trabalho futuro, a preocupação com as questões éticas e morais e o profundo respeito por métodos científicos. (Pervin, 1978, p. 243).
Rogers iniciou sua formação na University of Wisconsin, na área agrícola, devido ao trabalho desenvolvido na fazenda da família. Depois de dois anos mudou radicalmente sua escolha profissional, ingressando no seminário. Durante uma viagem ao oriente, em 1922, teve a oportunidade de observar adesões a outras doutrinas religiosas e de observar o ódio mútuo existente entre franceses e alemães, que pareciam ser pessoas agradáveis, exceto quanto a este aspecto. Experiências como estas ajudaram-no a decidir-se a ingressar num seminário teológico de tendência liberal, o Union Theological Seminary, em nova York. Como se interessasse profundamente por questões relativas ao significado da vida para as pessoas, mas como também tivesse dúvidas a respeito de doutrinas religiosas especificas, Rogers decidiu deixar o seminário para trabalhar na área de orientação infantil e atuar como psicólogo clinico. (Pervin, 1978, p. 243).
Fez pós graduação no teachers college, da Columbia university, tendo recebido PhD, em 1931. Rogers caracteriza os trabalhos desenvolvidos no curso e sua experiência clinica como algo que o levou a um encharcamento nas concepções dinâmicas de Freud e nas posições rigorosas, cientificas, friamente objetivas e estatísticas que, naquela época, predominavam no teachers college.  Novamente, deparamos com a presença de impulsos para direções diferentes, com o desenvolvimento de duas tendências um tanto divergentes que Rogers posteriormente tentou conciliar. Realmente, os anos profissionais restantes representam uma tentativa de integração do religioso com o cientifico, do intuitivo com o objetivo e do clinico com o estatístico. Primeiramente como psicólogo da equipe de departamento de estudos da criança, da society for the previntion of cruelty to children, em rocherster, nova York, depois como professor de psicologia clinica na Ohio state university ( 1940 a 1945), a seguir como professor de psicologia e diretor do setor de aconselhamento na universite of Chicago (1945 a 1957) e, finalmente como professor de psicologia e psiquiatria na university of wisconsim (1957 a 1963) e no Western Behavioral Sciences institute, a carreira de Rogers tem representado um continuo esforço no sentido de aplicar os métodos objetivos da ciência ao que é essencialmente humano. (Pervin, 1978, p. 243).
Em 1968, Rogers e os membros de orientação mais humanística do Western Behavioral sciences institute desligaram-se desse instituto para formar o Center for the studies of the person. Esta mudança implicou numa série de mudanças de ênfase no trabalho de Rogers, do trabalho em ambiente acadêmico para o trabalho com um grupo de indivíduos que tem uma perspectiva comum, do trabalho com pessoas perturbadas para o com pessoas normais, de terapia individual para os trabalhos intensivos com grupos e da pesquisa empírica convencional para um estudo existencial do homem: “temos profundo interesse pelas pessoas, mas estamos meio desmotivados” pelos métodos mais antigos que consistem em estudálas como objeto de pesquisa.
Em sua obra, Rogers enumera quatorze princípios que aprendeu a partir de milhares de horas de terapia e de pesquisa. (Pervin, 1978, p. 243).
  1. Nas minhas relações com as pessoas descobri que não ajuda, a longo prazo, agir como se eu fosse aquilo que não sou.
  2. Descobri que sou mais eficaz quando posso me ouvir aceitando-me e quando posso ser eu mesmo.
  3. Atribuo um enorme valor ao fato de  poder permitir-me compreender uma outra pessoa.
  4. Verifiquei que me enriquece abrir canais através dos quais os outros possam me comunicar os seus sentimentos, seus mundos perceptuais privados.
  5. É sempre sumamente gratificante poder aceitar o outro.
  6. Quanto mais aberto estou às realidade em mim e nos outros, menos me vejo a tentar a todo custo remediar as coisas.
  7. Posso confiar na minha experiência.
  8. A avaliação feita pelos outros não me serve de guia...apenas uma pessoa pode saber se estou agindo com honestidade, aplicação, franqueza e vigor, ou se o que faço é falso, defensivo e fútil. E essa pessoa sou eu mesmo.
  9. A experiência é, para mim, a suprema autoridade...è sempre à experiência que eu me volto, para me aproximar cada vez mais da verdade, no processo de descobri-la em mim.
  10. Sinto-me satisfeito em descobrir uma ordem na experiência.
  11. Os fatos são amigos...essas penosas reorganizações são o que se chama aprender.
  12. Aquilo que é mais pessoa é o que há de mais geral... Aquilo que há de único e de mais pessoa em cada um de nós é provavelmente o sentimento que, se fosse partilhado ou expresso, falaria mais profundamente aos outros.
  13. A experiência mostrou-me que as pessoas têm uma orientação fundamentalmente positiva... Acabei por me convencer de que quanto mais um indivíduo é compreendido e aceito, maior tendência tem para abandonar as falsas defesas que empregou para enfrentar a vida e para progredir numa vida construtiva.
  14. A vida, no que tem de melhor, é um processo que flui, que se altera e onde nada é fixo.

Rogers, 1961, pág. 16-27

quinta-feira, 23 de setembro de 2010

Paixão X Amor: A busca por totalidade

 

O amor é uma força poderosa, capaz de atravessar as barreiras que separam o homem de seus semelhantes, os unindo e levando à superação do sentimento de isolamento e de separação, e ao mesmo tempo permitindo que o indivíduo mantenha sua integridade, podendo ser ele mesmo em todas as situações. Através do amor dois seres tornam-se um, embora permaneçam dois. Mas, será que é desse amor que o homem procura viver realmente?
O “Amor romântico”ou a paixão, tem grande força em nossa cultura, as vezes até maior que a religião. Em busca desse sentimento homens e mulheres tentam alcançar a transcendência, a plenitude, o êxtase, o sentido para a própria vida. Esse sentimento é vivenciado exclusivamente pelo homem ocidental, que se vê vinculado a crenças e suposições sobre o “amor romântico”, a paixão, a ponto de não ser capaz de encontrar outra forma de amor, devido a isso perde a oportunidade de viver relacionamentos verdadeiros e prefere mergulhar em sua fantasia e idealização amorosa.
Em culturas orientais o amor é vivenciado de uma maneira bem diferente. Esse povo se baseia em uma relação de cordialidade e devoção em seus relacionamentos, a qual o homem ocidental é quase incapaz de imaginar. Isso acontece porque os orientais não impõem aos seus relacionamentos ideais e exigências impossíveis, além disso, não criam expectativas absurdas em relação aos seus companheiros.
Quando falamos em “amor romântico” estamos nos referindo a estar apaixonado, trata-se, portanto de um conjunto de ideais, crenças, atitudes e expectativas que, na maioria das vezes são contraditórias, são sentimentos inconscientes que dominam o homem gerando comportamentos e atitudes nada promissores.
A paixão é um fenômeno psicológico que remete o homem a idéia de ter encontrado o verdadeiro sentido da vida em outro indivíduo, é uma sensação de completude, de ter encontrado o amor verdadeiro. Nesse momento outra pessoa recebe a responsabilidade de alimentar sempre essa sensação de êxtase completo. 
Para o homem ocidental essa é a única forma de amor possível, onde o que é diferente se torna frio e sem emoção. As pessoas não se dão conta que esta forma de amor não tem sido o melhor caminho, não dá certo na maioria das vezes, remete a falta de compromisso e a dificuldade em construir relacionamentos sólidos e afetuosos, levando ao vazio, solidão, frustração e alienação.
Sendo tendência do homem atribuir aos outros a responsabilidade por sua própria felicidade, logo se faz do outro culpado por ter falhado, deixando então de enxergar a necessidade de uma mudança em suas próprias atitudes inconscientes, e voltar-se para si.
Esse é o problema psicológico básico de nossa cultura, a alienação diante do “amor romântico”, e para resolver esse problema é necessário a conscientização em relação a esse sentimento.
A tendência do homem ocidental é ver o amor verdadeiro como adoração a outro ser humano que, represente uma imagem de perfeição. Ai está o grande erro, porque a imagem simbólica de perfeição só existe como parte de nós mesmos, em nosso inconsciente, não pode ser depositada em alguém. Quando falamos que essa imagem perfeita só existe no próprio ser, estamos nos referindo à busca de completude do ser humano. Suas qualidades e características não são completas, cada parte de sua psique deve ser provida de um “par” masculino e feminino, só assim é possível obter o equilíbrio e totalidade.
As qualidades femininas estão relacionadas ao amor e aos relacionamentos, as masculinas tratam do poder, controle e defesa por posições. Um indivíduo completo deve desenvolver ambas as características, ou seja, ter a capacidade de lidar com o poder e ao mesmo tempo de amar, integrando cada valor em seu momento apropriado. Por isso é um erro buscar no outro o sentido para a vida, quando tudo que o homem precisa esta nele, só em busca de ser descoberto.
Um homem verdadeiramente completo e viril é aquele que sabe demonstrar seus sentimentos de forma verdadeira, com a mesma bravura que enfrenta seu dia de trabalho. Sua força masculina encontra o equilíbrio em sua capacidade feminina de se relacionar como próximo.
A totalidade de um indivíduo está na junção das partes conflitantes dentro dele. Na verdade, essa junção é o grande desejo do homem, e a meta para sua evolução psicológica, é o objeto de seus desejos mais profundos, porém, é distorcido por sua visão irreal. Quando o homem recusa a integração, e ao invés de levar em consideração seu outro lado tenta vivê-lo de outras maneiras, passa a desenvolver neuroses e atitudes compulsivas inconscientes, que se reflete em atos como, comer ou beber demais e diversos outros males que vem agravando a saúde da sociedade. Além disso, existe ai a explicação para tantos fracassos em relacionamentos. As pessoas se casam com um ideal e se recusam a aprender a amar verdadeiramente a pessoa humana que está ao seu lado. Quando a paixão acaba, quando o ideal deixa de existir e o ser humano aparece com todas suas qualidades e defeitos, fica apenas o desejo de continuar sentindo toda aquela ilusória completude, surge então a necessidade de buscar isso em outra mulher ou outro homem e investir novamente no outro o que, na verdade, deve ser procurado dentro de si.
A verdadeira base para viver um relacionamento está no amor humano, diferente do “amor romântico”, que é um ideal interior, um caminho para a alcançar a própria alma. O homem usa seu instinto de totalidade para projetar em seus amores. Usa o que é divino para colocar em seu meio carnal, ou seja, entre ele e outro ser humano. Perde assim a oportunidade de entrar em contato verdadeiro com sua própria alma, com sua religiosidade.
A busca da plenitude através do amor romântico é na verdade a tentativa de resgatar e redescobrir a divindade que está dentro de cada ser. Quando a pessoa se encontra apaixonada vê o mundo de uma forma diferente, significativa, quando acaba a paixão o mundo torna-se desolado e vazio. Por isso as pessoas passam a vida exigindo coisas impossíveis em suas relações, acreditando que o outro tem obrigação de manter a felicidade, de dar significado para a vida, quando na verdade isso só pode ser obtido pela própria pessoa, quando conquista a totalidade em seu ser, quando deixa fluir a junção de seus lados opostos, feminino e masculino.  
O amor verdadeiro, amor humano, significa relacionar-se com alguém de forma completa, com verdade, indentificando-se com outro ser, reconhecendo seu valor e elementos sagrados, tal como é, na totalidade, com seu lado sombrio, imperfeições e tudo que o torna um ser mortal comum. Já a paixão é algo direcionado a si próprio, é um ideal: sonhos, fantasias, esperanças e expectativas, a paixão é direcionada para o ser interior e projetada erroneamente na pessoa por quem se apaixona. Por isso não é verdadeira e acaba tão rápido. Quando a pessoa consegue viver sua totalidade, apaixonar-se por sua própria alma, admitir seus dois lados e vivenciá-los, poderá viver e reconhecer o amor humano. Terá então paz para exercer sua religiosidade, dando para sua alma as projeções que daria para um ser de sexo oposto.
Se o amor romântico ou paixão for vivido de forma correta, direcionado para a alma, para o interior de cada ser, encontrará o caminho para uma dupla revelação, ficará face-a-face com a vida simbólica, necessária para todo ser humano e abrirá caminhos para o significado real do amor humano.
Janaina N. Soares
Reflexões sobre o livro WE – A chave da Psicologia do amor Romântico. Autor: Robert A. Johnson

quarta-feira, 1 de setembro de 2010

Filme "Uma prova de amor"



  É um filme para pensar sob diversos pontos de vista. Analisar a importância que existe em ouvir e respeitar as opiniões, sentimentos, pensamentos das pessoas que amamos, tentando deixar de lado nosso egoísmo, medo de sofrer, porque na verdade, é o "egoísmo" que nos leva a tomar decisões desesperadas em relação a vida dos nossos entes queridos, dando a desculpa de estar fazendo tudo por amor.
Amar na verdade é fazer pelo outro o que ele realmente precisa para ficar bem e ser feliz, mesmo que para isso seja necessário sofrer, chorar. As vezes, em nome do amor, agimos como ditadores sem coração, que atropelam e ferem as pessoas para conseguir o que almeja, em nome do amor magoamos, aprisionamos, machucamos as pessoas. Como podemos chamar de amor um ato que faz sofrer? Amar verdadeiramente é saber ouvir, respeitar, perdoar sem cobranças egoístas, amar é doação, partilha.
Claro que, levando em consideração o fato de sermos humanos, é explicável que se aja de determinada maneira em nome do amor, porém, por mais difícil que pareça, é preciso analisar nossas atitudes com mais cuidado, e pensar se nossos atos são de amor verdadeiro ou de puro egoísmo, próprio da natureza humana.

Comentário: Janaina N. Soares

Veja o Trailer clicando no link: http://www.youtube.com/watch?v=VGNmOAaRyKQ

terça-feira, 31 de agosto de 2010

Associação desportiva e cultural União Guarulhense

União Guarulhense é uma instituição sem fins lucrativos que traz como proposta o bem-estar da comunidade através de diversas atividades esportivas e culturais . Para mais informações entre no link: http://www.uniaoguarulhense.blogger.com.br/ e conheça o projeto desenvolvido na Associação.

quinta-feira, 26 de agosto de 2010

Texto sobre deficiência


O portador de deficiência: Educação, família e convívio social.

O indivíduo portador de uma deficiência, por influencia do meio externo, se vê em uma situação de conflito, e por isso fica mais exposto a situações frustradoras, o que pode provocar mais ansiedade e angustia em relação ao seu problema. Na escola, o maior problema das crianças que apresentam algum tipo de retardo em seu desenvolvimento está em compreender o que é dito, isso complica sua integração em sala de aula. Para essas pessoas, as experiências vivenciadas, que muitas vezes são limitadoras, ficam em desacordo com as expectativas sociais. Seus problemas de ajustamento surgem, normalmente, da dificuldade em interagir numa sociedade e cultura organizadas, primordialmente, para sujeitos física, intelectual e sócio-emocionalmente perfeitos. Levando isso em consideração, é preciso pensar que, as pessoas portadoras de deficiência precisam e merecem ser inseridas de modo respeitoso na sociedade, onde possam mostrar suas habilidades e potencialidades, levando em consideração suas possibilidades e limitações. Portanto, é papel de educadores, pais e profissionais afins, preparar esses indivíduos para enfrentar o mundo, encorajando-os e ajudando a sentirem-se fortes e competentes o suficiente para usufruir do que é seu por direito.

A importância da família e do convívio social

É indiscutível a importância existente nos laços materno e paterno para o crescimento e bom desenvolvimento de uma criança, porém, é importante que, conforme crescem, vão se incluindo em outras relações, as quais ajudarão no processo de socialização que irá se expandir ao longo da vida. Para isso a criança vai precisar conviver com um grupo mais extenso, tais como parentes, amigos e outros grupos sociais como escola, comunidade e etc. (Assumpção, 1993).
O contato com um grupo mais amplo ajuda no desenvolvimento da autonomia e da auto-estima, mas para que isso ocorra é preciso que a criança obtenha crédito dos adultos que fazem parte de sua vida inicialmente. Os pais são responsáveis pela transmissão dos valores, e esse processo é difícil tanto para eles como para os filhos. Um dos maiores conflitos gira em torno da grande dificuldade dos pais em definir o que pode ser melhor para seus filhos, e quando há um filho com deficiência mental esses conflitos tendem a se tornarem maiores.
Geralmente o grupo familiar de uma criança com Deficiência mental tende a se retrair da sociedade, tornando suas relações externas muito limitadas. Esse processo interfere no desenvolvimento da criança porque dificulta o estabelecimento de relações em nível de igualdade com os outros. Claro que isso pode ocorrer devido às condições pessoais da criança, porém, a não participação no meio social faz com que deixe de aprender com as experiências externas.
A participação no grupo social ajuda no deslocamento da relação com os pais de forma gradual, nesta passagem a criança aprende a conviver no mundo, percebe que é um ser com diferenças biológicas e que existem diversos comportamentos sociais. Para aprender a conviver no mundo o individuo deficiente precisa de oportunidades que só seus familiares podem dar, através da inclusão e convivência com outras pessoas e grupos. Quando há a privação desse convívio, devido ao isolamento, fica mais difícil aprender as regras e valores que deveriam ser absorvidos pela criança, tornando suas atitudes sociais negativas. Muitas vezes essas atitudes são atribuídas a deficiência mental, porém, ocorrem geralmente em decorrência da proposta educacional que lhe foi oferecida em casa.
É indispensável que o processo de socialização deva ter alicerces seguros vindos de uma relação sólida entre os pais e a criança. É fundamental que a criança se sinta amada e protegida, sentindo-se bem no grupo familiar, assim conseguirá adquirir mais segurança em suas primeiras tentativas de ampliar seus horizontes. (Assumpção, 1993). Sendo assim, é preciso haver uma conscientização dos pais referente a sua responsabilidade quanto a qualidade da relação com os filhos deficientes, a qual terá influência no seu bem-estar físico, mental, psicológico e social. (Souza e Ferraretto, 1998).
A criança portadora de deficiência deve ser vista e entendida como um ser ativo, perceptivo e que se constrói na interação com o meio. Se os pais procuram manter a criança muito dependente, por um período maior que o necessário, poderá negar ao filho o direito de desenvolver sua autonomia e potencialidades de acordo com suas capacidades e habilidades. (Souza e Ferraretto, 1998).
Os pais de crianças especiais precisam ter atitudes diferentes, no sentido de saber conduzir a educação dos filhos de maneira a atender suas necessidades e de ajudá-los a desenvolver sua própria personalidade, conquistando assim uma visão correta e positiva sobre si e sobre o mundo.
Quando a criança consegue se aproximar das pessoas, é capaz de perceber as semelhanças existentes entre elas, achando a oportunidade de compartilhar seus interesses. Porém, é a partir do grupo familiar que se torna possível formar um conceito de si mesma e descobrir sua própria identidade. É papel dos pais ajudar seus filhos a encontrar o caminho para perceber o mundo e a si mesmo, e isso deve ocorrer independentemente das condições pessoais e limites da criança. (Assumpção, 1993).
Desenvolvimento e crescimento significam ganhar independência, e a mesma vem acompanhada de maior responsabilidade. Quando a criança cresce deve adquirir ou aprender a capacidade de adiar prazer, agüentar tensão, lidar com frustração e conseguir administrar melhor seus afetos. Para proporcionar isso aos filhos deficientes, cabe aos pais exercerem sua autoridade, sem precisar usar de autoritarismo e abuso de força física. Um “não” dito com segurança, firmeza e tranqüilidade pode funcionar como organizador para a vida psíquica das crianças. (Souza e Ferraretto, 1998).

O papel da educação

Um trabalho realizado pedagogicamente com portadores de deficiência mental deve preocupar-se, principalmente, em promover a autonomia dessas pessoas, ajudando-as a desenvolver habilidades intelectuais alternativas. É importante valorizar todo e qualquer nível de desempenho cognitivo, levando em consideração o processo para exercer uma habilidade e o objetivo a que isso se destina. (Mantoan, 1998).
Para uma educação de qualidade e uma integração verdadeira dessas pessoas é importante pensar num modo diferente de ensinar e conviver, para que possam então apreender a realidade, estruturá-la e interagir nela. Essa interação é necessária para que as pessoas com deficiência mental consigam desempenhar papéis sociais, atuando, na medida de suas possibilidades, no meio em que vivem.
Quando os papeis sociais são valorizados e o indivíduo sente que tem um lugar no mundo, ele se torna capaz de desenvolver melhor habilidades e talentos pessoais compatíveis com seu contexto de vida, cultura, idade e gênero, fazendo-se assim uma pessoa melhor, mais confiante e com um grau mais elevado de autonomia. Esse deve ser o verdadeiro papel da educação, ajudar pessoas em seu desenvolvimento e crescimento. (Mantoan, 1998).
Se tratando de uma escola especial, essa responsabilidade é acrescida da responsabilidade em acolher de forma adequada cada indivíduo e suas particularidades de forma humana e justa, por isso, além das adaptações relacionadas às dificuldades motoras e de linguagem, esse espaço pode proporcionar ao portador de múltiplas deficiências uma experiência social muito importante, onde poderão compartilhar suas diferenças e limites. (Souza e Ferraretto, 1998).
Freqüentando a escola especial os portadores de deficiência terão a oportunidade de experimentar sentimentos e emoções comuns a todos, tais como: namoro, amizade, papéis de liderança, disputa da menina ou menino mais bonito, e etc. E a possibilidade de ter contato com diversos papéis pode ajudá-los a perceber sua normalidade no que se refere ao caráter psicológico, isso fortalece sua auto-estima, melhora sua auto-imagem, e permite que sejam capazes de se integrar, de uma maneira mais madura, nos outros grupos sociais.
É necessário realizar um trabalho, onde, a equipe deva valorizar a realidade física e psíquica dos alunos, sem perder de vista sua essência enquanto pessoa, enquanto indivíduo possuidor de sentimentos, pensamentos, que questiona e tem expectativas. É preciso proporcionar a cada integrante a oportunidade de enfrentar a realidade, ajustar-se a ela, na medida do possível, e poder sentir-se útil e feliz. (Souza e Ferraretto, 1998).

Conclusão

Vejo como indiscutível a construção de uma relação sólida e afetuosa entre pais e seus filhos deficientes, tão importante quanto é a relação em família, envolvendo nos cuidados deste indivíduo a participação de seus irmãos e parentes próximos. Porém, é primordial que esta família, principalmente mãe e pai, sejam preparados para lidar com seus filhos de uma forma saudável e libertadora, tentando dar-lhes somente o que é dever dos pais, e evitando proteger em excesso ou até negar o problema ao ponto de a criança não conseguir aceitar suas próprias limitações, crescendo com um olhar inferior e desfavorável de si mesma.
Os pais de crianças deficientes devem aprender a respeitar os limites de seus filhos, entender que, apesar das dificuldades, pode ser capaz de progredir de maneira espetacular. Para isso ele precisa ser inserido na sociedade, conviver com o diferente, apreender o que lhe é oferecido do meio. Essa missão nem sempre é fácil para os pais, e tão pouco para o próprio indivíduo, mas é um direito seu como ser humano, e as dificuldades fazem parte da vida.
Quanto a inserção no meio social, o local mais apropriado para ajudar esses indivíduos, depois da família, é a escola, um dos grupos sociais mais importantes e o primeiro contato da criança com o mundo externo, além de familiares e parentes. Se tratando de uma escola com educação especial, é seu papel acolher e ajudar seu aluno a progredir o máximo possível, respeitando sempre suas limitações e procurando exaltar suas habilidades, desenvolver sua personalidade e ajustar sua autonomia, preparando assim seu aluno para lidar, mais seguramente, com o mundo que o espera.


Referências

AMIRALIAN, M. L. T. M. Psicologia do excepcional. V. 8, Editora EPU. São Paulo, 1986.

ASSUMPÇÃO, F. B. Jr.; SPROVIERI, M. H. Deficiência mental, família e sexualidade. V. I, Editora Memnon. São Paulo, 1993.

SOUZA, A. M. C. de; FERRARETTO, I. Paralisia Cerebral: aspectos práticos. Editora Memnon. São Paulo, 1998.

Artigo por: Janaina Nascimento Soares

A importância dos Contos de Fadas


Os contos de fadas sempre apresentam o desenrolar de uma estória no tempo e no espaço, a qual exprime uma linguagem simbólica de idéias e experiências da alma humana. É uma maneira lúdica de falar sobre assuntos que, muitas vezes são difíceis, assustadores, tristes demais para serem falados de maneira direta.
Para as crianças é a melhor forma de explicar assuntos complicados, porém, não só a elas é útil, já que é da natureza humana usar a linguagem simbólica como forma de entender a vida. Os adultos, muitas vezes, também tem dificuldades em lidar com os acontecimentos reais, então utilizam a fantasia para diminuir suas angustias. Por esse motivo, é importante ler livros, ver filmes, seriados ou até novelas, ouvir músicas e contar estórias para crianças, e porque não, para adultos.
Estórias conhecidas como Chapeuzinho vermelho ou João e Maria,  se analisadas, vem contar muito mais do que uma simples estória para dormir. Em uma análise de João e Maria é possível ver a jornada de dois jovens a caminho de sua individualidade. Na estória os pais resolvem deixar seus filhos sozinhos na floresta, as crianças, a fim de evitar este abandono, marcam o caminho de volta com pedras e tentam retornar durante a noite para seu lar, quando percebem que não tem como voltar encaram o desafio e enfrentam a bruxa, retornando para casa mais tarde, vitoriosos.
Esse conto simboliza a insegurança de seguir a vida sem a proteção paterna, mostra que os jovens têm que passar por uma fase muito difícil, a adolescência, onde não são mais crianças e devem correr atraz de seu próprio caminho, tentar independência, fazer escolhas, passar por inúmeras dificuldades. João Maria representam dois jovens que aprendem a superar suas dificuldades e retornam para casa trazendo alimento e dinheiro, mostrando que foi possível crescer sozinho.
Como forma simbólica de representar a vida, as estórias tem partes comuns, que podem nos ajudar a pensar sobre seu verdadeiro objetivo, uma dessas partes é a existência de um Herói. Toda estória começa em um mundo normal, que de repente, é remexido, quando algo acontece para mudar as características de determinado indivíduo, o herói. Nem sempre este indivíduo quer mudar, mas é obrigado a isso. Começa então a travessia do mundo normal para o mundo mágico: o herói só pode mudar se seguir em frente.
Num segundo momento de toda estória aparece algo que chamamos de “floresta mágica”. É um mundo mágico, onde o herói percebe que pode fazer mais do que pensava, ele se da conta de suas capacidades e potencialidades. Aqui ocorre um momento chave, onde o herói se percebe como tal, a partir daí começa um momento de reflexão.
No terceiro momento o herói precisa seguir o caminho de volta, porém, agora sendo diferente como pessoa. Aqui acontece a “morte” do herói. É o renascimento do "homem" que foi "herói", ou seja, ele retorna para seu caminho, mas agora com idéias, sentimentos e pensamentos diferentes.
Esses três momentos representam a própria vida humana, é o ciclo da vida, sempre que algo acontece para modificar nosso mundinho também somos modificados e nos tornamos pessoas diferentes, quase sempre melhores, mais maduras.
Por tudo isso as histórias e contos de fadas são tão importantes, para que se possa encontrar uma identificação simbólica, aprender com as dificuldades, buscando melhoria como pessoa, e ver que é preciso sempre seguir em frente, desenvolver e amadurecer. É necessário que cada Herói tenha coragem de viver sua estória e aprenda a crescer dentro dela, tornando-se um ser humano sempre melhor.

Texto de: Janaina Nascimento Soares

Resumo de Artigo: A solidão Humana nos tempos atuais: O olhar da Psicologia



A SOLIDÃO HUMANA NOS TEMPOS ATUAIS: O OLHAR DA PSICOLOGIA
Janaina Nascimento Soares
E-mail: jana25soares@ig.com.br
ORIENTADOR: Prof. Ms. Augusto José C.B.do Prado Fiedler


OBJETIVO
O objetivo desse trabalho é realizar uma pesquisa bibliográfica que encontre dados em relação à solidão vivida nos tempos atuais. Verificar quais são os principais pontos de vista dos autores e pesquisadores da Psicologia em relação a esse tema e como as pessoas vêem e lidam com a solidão. Através de pesquisas baseadas em trabalhos de diversos autores, buscamos apresentar o conceito de solidão, como é experienciada nos tempos atuais; o olhar da psicologia em relação a esse tema, como são construídas as relações sociais na presente geração e em que contexto encontra-se o sentimento de solidão.

TEORIA
Segundo Moreira e Callou (2006), a palavra solidão esta relacionado ao termo “só”, o qual vem do latim solus e tem como significado “desacompanhado”, “solitário” e “único”. Ferraz (2006) mostra em sua pesquisa que o termo solidão vem apresentando várias modificações ao longo da história, essas mudanças estão relacionadas às diversidades de cada época. Segundo a autora: “... a solidão é inerente ao ser humano, desde seus primórdios...”. Ela possui diferentes sentidos que ora tem um caráter positivo, ora negativo, o que varia de acordo com a cultura de cada época.
Sob o ponto de vista de May (1982), a solidão as vezes vêm acompanhada do sentimento de vazio. Com o termo “vazio” o autor refere-se ao sentimento ou sensação de não saber o que se quer ou sente, ou seja, não possuir uma experiência definida de seus próprios desejos e necessidades, fazendo com que um indivíduo sinta-se impotente diante da vida.
O homem atual vive em uma sociedade capitalista a qual se baseia em duas vertentes, a liberdade política e o mercado como regulador das relações econômicas e sociais. O trabalho vem sendo comandado pelo capital, o homem acaba dando mais valor para os objetos e riquezas acumuladas do que para as forças e potencialidades humanas. Esse modo de funcionamento do capitalismo contemporâneo possui grande influencia na estrutura do caráter do homem atual. (Fromm, 1995).
Fromm (1995) diz que a principal resposta necessária para os problemas do ser humano se encontra na realização da unidade interpessoal, ou seja, da fusão com outra pessoa, no amor. O maior anseio do homem esta exatamente nesta fusão, essa é sua paixão mais fundamental, a força que mantém a raça humana unida em família ou em sociedade. A não realização deste desejo significa loucura ou destruição, auto-destruição e também destruição dos outros. O amor se faz então fundamental, sem ele a humanidade não poderia existir. Dessa forma, o amor de si mesmo e aos outros é o melhor antídoto frente ao sentimento de solidão.


CONSIDERAÇÕES FINAIS

Um mundo melhor pode ser construído, mas isso ocorrerá apenas quando o homem entender que estar só não significa sua derrota, seu fracasso. As pessoas precisam aprender que, de qualquer forma estão sozinhas, e isso é necessário para seu desenvolvimento. O outro não deixa de existir, não é necessário deixar de partilhar momentos, dividir os pesos da vida, suas alegrias e até sua dor, mas não é no outro que se encontra a liberdade nem a felicidade, ninguém pode dar isso á ninguém, é preciso achar a liberdade dentro de si, buscar respostas que só em nossa mais intima solidão poderá ser encontrada.

REFERÊNCIAS

FERRAZ, K. D.. A Solidão do sujeito contemporâneo: Um olhar clínico. Universidade Luterana do Brasil – ULBRA. Gravataí – SP. Julho, 2006, páginas 1-28. Disponível em: www.bvs-psi.org.br/tcc/15.pdf.

FROMM, E. A arte de Amar. Ed. Itatiaia Limitada. Belo Horizonte – MG. 1995. Tradução: Milton Amado.

MAY, R. O homem à procura de Si mesmo. . 9º Ed. Vozes. Rio de Janeiro – RJ. 1982. Tradução: Áurea Brito Weissenberg.

MOREIRA, V. e CALLOU, V. Fenomenologia da solidão na depressão. Mental, vol.4, no.7, nov. 2006. páginas 67-83.

Artigo por: Janaina Nascimento Soares