sábado, 21 de novembro de 2015

Relatos de uma nova Vida - Parto

Dia 08/05/2015 inicia-se a maior e mais estranha aventura que já vivi. A experiência do milagre da vida se concretiza no momento do nascimento de um bebê, e não ha nada no mundo que possa modificar mais e com maior intensidade a vida de duas pessoas.
Passei 9 meses pensando qual seria a minha sensação do parto, o que sentiria, como saberia que era hora. Sempre vem a cabeça aquelas tradicionais cenas de novela onde a bolsa estoura e a mulher calmamente pega a bolsa de maternidade e vai, colocando as mãos na barriga e dizendo que está com dor. Nos últimos três meses antecedentes ao parto ficava muito ansiosa, procurando relatos na internet de alguém que pudesse me dizer o que sentiria e como teria certeza sobre a hora certa, nesta busca vi e li muitas coisas, mas nada nem ninguém foi capaz de descrever ou demonstrar o que senti naquela sexta feira a noite.
Minha opção e desejo era que o parto fosse normal, e esperei até o momento certo. Queria que minha filha viesse ao mundo quando realmente estivesse preparada, e fora isso, a sensação de ter uma data já agendada para o parto me deixava muito nervosa, por isso, preferi dar uma oportunidade à natureza. Muitas mulheres me diziam que aos 35 poderia ser complicado um parto normal, que ninguém recomendava, mas isso não me fez desistir, afinal, com um pouco de informação todos podemos saber que uma mulher é capaz e tem o corpo preparado para o parto.
Minha sexta feira foi normal, não estava sentindo nada de diferente, só a velha e boa ansiedade e medo das ultimas semanas. Estava completando 39 semanas de gestação, sabia que poderia ser a qualquer momento, mas nem imaginava que seria aquele dia. Fui passear, a noite comemos pizza e viemos para casa. As 11h30 mais ou menos senti uma pontada nas costas, como se alguém estivesse abrindo com as mãos um buraco. Mas foi algo assustador e leve, já havia sentido antes, por isso achei que não era nada. Meu esposo dormia e eu assistia TV, passou uns 5 minutos senti a mesma dor um pouco mais forte. Isso se repetiu por umas 4 vezes, então meu coração disparou, acordei meu esposo e contei o que sentia. Ele então começou a me ajudar a marcar o tempo. A dor ia e vinha num intervalo de 5 minutos contínuos. Quando vimos que não iria passar pegamos a mala e partimos para o hospital. Estávamos numa mistura de desespero, alegria e euforia, tudo ao mesmo tempo. Ele parecia sentir a mesma dor que eu, e toda contração me segurava até a dor passar. Nas primeiras 2 horas a dor era bem suportável, e quando a contração passava parecia que nada estava ocorrendo. Fui examinada e estava sem dilatação, tomei um soro e quando fui novamente examinada estava com 2 cm. Os médicos disseram que só seria trabalho de parto aos 3 cm, então voltamos para casa. A dor já estava bem pior, entrei em desespero quando tive que voltar para casa, fica aquela sensação de que tudo irá dar errado. Chegamos em casa umas 4 da manhã, consegui cochilar um pouco entre as contrações, até que as 06h senti a bolsa estourar. Entrei em desespero, a dor estava no nível do insuportável e eu estava com muito, muito medo.
Voltamos para o hospital e fui finalmente internada, o trabalho de parto foi evoluindo bem até que chegou a hora, dia 09/05/2015 vivi a maior alegria que um ser vivo pode sentir. Estas horas que antecederam o parto me vem a mente como um sonho, ou um estado de alteração de consciência, lembro perfeitamente de cada momento, da sensação de dor, da ansiedade e principalmente do medo que estava sentindo. Porém, também estava muito feliz, queria minha filha em meus braços e esse era o foco, por isso nada importava muito.
 A dor é muito intensa, mas faz parte da natureza, nosso corpo suporta porque é um momento de renascimento. Sinto que ali estava ficando a pessoa que antes só pensava em si e no esposo, e nascendo uma mulher que teria em sua responsabilidade uma vida, um ser inofensivo e inocente que dependeria totalmente dos meus cuidados.
Quando olhei nos olhos de minha filha pela primeira vez meu coração se encheu de tanto amor que nem sabia que caberia. Aquele olhar lindo e inocente me fez nova para o mundo, e a partir dali, nada mais tinha uma importância tão grande assim.
Hoje tenho o meu parto como uma passagem de uma vida para outra. Fica até complicado lembrar de quem eu era antes de ser mãe, só tenho algumas vagas lembranças, mas não tenho saudades e não voltaria atras de forma alguma. O momento do parto é uma mistura de felicidade e medo. Junto com o bebê vem todas as dúvidas e inseguranças existentes no mundo.
Gostaria de dizer as mulheres que irão viver este momento como é exatamente e o que irão sentir, porém, isso é impossível, esta experiência é única e individual. Não tem como relatar ou descrever, é impossível comparar com qualquer outra experiência e cada mulher irá viver essa fascinante experiência do seu jeito. Mas encorajo a todas que tem suas cesarianas agendadas que se deem uma oportunidade, que façam isso por seus filhos, deixe-os estar prontos, esperem o momento certo, e mais, acreditem em seu corpo e na sua natureza de mulher, qualquer uma é capaz de superar a dor, afinal é a dor da vida.

Janaina Soares

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