terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

Aprendendo a seguir o próprio caminho


É indiscutível a união do ser humano com sua mãe, desde o momento em que é gerado. Afinal, eles ficam ligados diretamente no mesmo corpo durante nove meses, portanto é comum que, ano nascer, haja um laço muito forte nesta relação de amor. O bebê, em seus primeiros meses de vida, sente que ele e a mãe são a mesma pessoa, mas a medida que vai crescendo, surge a necessidade de transformar-se em um ser único, separado, individual. É um processo natural, e ocorre de forma saudável mediante a certeza de que, lá bem perto está a mãe, para acolher quando a solidão for insuportável. Em psicanálise essa separação é chamada de “parto psicológico”.
Aproximadamente aos cinco meses de idade, o bebê inicia sua jornada ao nascimento psicológico. Esse é o estágio em que a criança começa a perceber que o mundo funciona, mesmo sem que ele exista, e vê as coisas como objetos de exploração, sente curiosidade em tocar, sentir e ver, tendo prazer em tudo isso.
Aos nove meses chega á um segundo estágio, onde começa a engatinhar, maneira encontrada para ir fisicamente para longe de sua mãe. Porém, com a segurança de poder voltar para ela buscando uma base de segurança, com a qual poderá reestabelecer-se emocionalmente. A criança, a partir daí, vai praticar sua independência, e vai se encantar com a sensação de que pode ir além, de que é um ser forte e capaz.
Após essa prática, a criança já entende, mais ou menos, que é um ser individual e compreende as implicações da separação. Isso ocorre próximo aos dezoito meses de idade. É um momento difícil, porque se da conta de como é pequena, frágil e desamparada, aprende que existe um preço a ser pago quando se vive por conta própria.
No terceiro estágio do processo de separação, ocorre o enfrentamento e a resolução de um problema, com a qual a criança precisa se confrontar, afinal, agora ela conhece o prazer em ter autonomia, mas para tê-la é preciso estar sozinho, o que causa sofrimento. A tentativa então é de conquistar novamente à segurança e proximidade tida antes com a mãe. A criança vai precisar de uma reaproximação. Neste momento o bebê vai pedir atenção, tentar conquistar sua mãe encantá-la, a fim de diminuir a ansiedade vivida na separação.
Próximo ao fim do segundo ano de vida, o pequeno ser irá procurar seu modo particular de resolver a crise da reaproximação. É o momento de estabelecer um afastamento confortável entre ela e sua mãe, onde não se sinta muito distante, mas também sinta que tem alguma independência psicológica. Nesse estágio já foram resolvidos grande parte dos conflitos de separação e reconciliação. O Bebê viveu uma jornada, dá união para a separação, saindo da diferenciação, indo ao aprendizado e conquistando a reaproximação. Estes estágios têm fim com um quarto estágio, onde se consegue estabilizar imagens interiores de si e dos outros.
Apesar de já ter progredido muito, a criança desta idade ainda não é madura o suficiente para perceber que o bom e o mau podem caminhar juntos. Para a criança há algo  inteiramente bom e o que é totalmente ruim, de forma separada. A tendência é tentar defender o bem e afastar tudo que é ruim. Tenta evitar o sentimento de raiva, com medo de perder sua fonte de amor (mãe).
Através desta vivência, gradualmente, a criança aprende, mediante ao sentimento de amor e confiança, estabelecido em suas relações, a entender a ambivalência. Daí em diante, é possível unir a criança má e a criança boa, em um único ser. Nesse período, é possível também entender que, os outros também têm dois lados, hora podem ser bons e hora podem ser maus.
Entre os segundo e terceiro ano de vida o ser humano em desenvolvimento aprende que, o amor de sua mãe pode superar a raiva e o ódio, ele é incondicional. É o momento da vida onde se adquire o senso de amor, segurança e conforto proporcionados pela mãe, aprendizado primordial para um bom desenvolvimento.
Janaina N. Soares 
Reflexão sobre capitulo do livro "Perdas Necessárias".

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