“Cessa o teu canto! Cessa, que, enquanto o ouvi, ouvia uma outra voz como que vindo nos interstícios do brando encanto com que o teu canto vinha até nós. Ouvi-te e ouvia-a no mesmo tempo e diferentes, juntas a cantar. E a melodia que não havia se agora a lembro, faz-me chorar…” Fernando Pessoa "...o amor...é o sangue da vida, o poder de reunião do que está separado". Paul tillich
quinta-feira, 16 de abril de 2015
NOVOS RUMOS - PARTE 3
A dificuldade de olhar para si mesmo
Janaina soares 01/2015
Encerramos
o texto anterior falando da expressão artististica como oportunidade de olhar
para si, mas afinal, do que estamos falando quando utilizamos esta expressão
"Olhar para si"?
Creio que não conseguirei
responder exatamente isso, mas podemos falar sobre a dificuldade e
principalmente a confusão que o ser humano encontra quando o assunto é o tal do
"si mesmo". Pedir que alguém se descreva, ou fale a respeito de si
mesmo sempre causa um desconforto, como se as pessoas não conseguissem ver o
que realmente são, e provavelmente, muitos não conseguem mesmo. Será que somos
a imagem que vemos no espelho? nem sempre. Talvez seja o que um colega
descreve, mas isso não seria verdadeiro, os outros nos descreveriam como nos
vêem e nem sempre isso é o que realmente somos, e sim o que demonstramos ser,
então como saberei quem sou?
Creio que falta aos seres
humanos olhar para dentro, tentar ver a própria alma, e assim poderão ter uma
noção, talvez pequena de quem são. Para dar esse primeiro passo é preciso
coragem e principalmente, é necessário querer saber a verdade, afinal,
carregamos ao mesmo tempo deus e o diabo dentro de nós, e cabe a nós
escolhermos quem irá imperar, e nunca será apenas um deles, os dois sempre
farão parte de nós.
Mas por qual motivo estamos
falando disso? quero apenas mostrar uma alternativa interessante para dar
inicio a jornada do autoconhecimento, estou falando da arte e das expressões
criativas.
Uma maneira muito interessante
de contato conosco é quando conseguimos nos expressar, e a arte nos dá essa
oportunidade. Uma técnica que gosto muito é a pintura, principalmente quando se
usa tinta, seja aquarela, tinta a dedo ou qualquer outro tipo. Durante alguns
trabalhos com pintura reparei que o indivíduo fica em completo silêncio. Se
houver uma entrega e concentração ele é capaz de expressar no papel sua própria
alma, falar através das cores a respeito de seus sentimentos.
Durante uma sessão de
arteterapia com pintura surge no ambiente um silêncio absoluto, uma energia
fica no ar, as pessoas parecem falar com as cores, as vezes sem forma definida
ou sem sentido para quem olha de longe, mas ali existe uma comunicação incrível
consigo, um contato direto entre o ser humano e sua alma, misteriosa e cheia de
segredos. Ao colocar no papel o pincel sujo de tinta um indivíduo se torna
capaz de ir por caminhos desconhecidos e incríveis, mas isso após estar livre
de esteriótipos e imagens construidas. Não importa a estética de uma pintura
quando se busca o autoconhecimento, por esse motivo, o indivívuo deve estar com
a mente aberta para deixar-se levar por sua imaginação, não se prender a
detalhes ou o que é certo ou errado, quando se expressa verdadeiramente não
existe certo ou errado. O momento de se expressar deve ser livre de pensamentos
determinantes e julgamentos, e só assim poderá ser bem aproveitado, é como
expor em um papel o retrato da própria alma. É a maneira mais incrível de olhar
para si mesmo, afinal, não somos apenas o que vemos, somos o que sentimos,
pensamos e principalmente, nosso verdadeiro eu está dentro e não fora.
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário